sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Meia Maratona Rotary de Toledo, 13 anos de História por Alessandro Maziero


Hoje quando se fala em meia maratona no Paraná, é impossível não citar a cidade de Toledo, pois aqui está uma das mais tradicionais e belas provas de rua do estado, e por que não dizer do Brasil. Digo isto não só pela organização, pelo sistema hoteleiro e gastronômico que a cidade oferece, mas principalmente pelo local onde acontece a competição, que sem dúvidas é um local ímpar, com um visual deslumbrante e uma receptividade aos atletas fora de série.

Mas nem sempre foi assim, há poucos dias assisti uma reportagem com o grande Vanderlei Cordeiro de Lima, onde em um relato disse que, “... eu trabalhava o dia inteiro e a tarde quando ia treinar, o pessoal me jogava laranja”, e isto me fez lembrar de quando comecei a correr, há quatorze anos, trabalhava o dia todo, ia pra faculdade e na madrugada ia fazer meu treino, e a reação de algumas pessoas era, nada mais nada menos que me xingar, me mandar ir trabalhar ao invés de ficar correndo, pessoas que eu nunca havia visto, não sabiam nada da minha vida, mas para elas eu estava correndo porque tinha feito algo de errado, estava fugindo de alguém; teve um caso até de um policial, que me viu correndo e tentou me prender, mas ele estava indo trabalhar a pé, daí já viu né, na terceira quadra desistiu. Seria cômico se não fosse trágico.

Parte da equipe Dr. Torao em 01/12/2002.
De pé: “Dinho” e  “Seu Zé”. Abaixados: Alessandro e “Cuca”.

 
Nesta época comecei a correr com outras pessoas no domingo de manhã, onde éramos intitulados pela população como “a equipe do Dr. Torao Takada”, e o tempo foi passando e comecei a participar de algumas provas com este pessoal, (vale lembrar que a equipe era uma “Chevrolet Blazer cheia”), sempre ouvindo o Doutor Torao dizer que queria fazer uma corrida em Toledo, mas queria fazer um “negócio caprichado”.
E não é que ele fez mesmo, em dezembro de 2002 foi lançada a Primeira Meia Maratona Rotary Toledo Colônia, evento este que mudou completamente a visão da população da cidade em relação aos corredores, porque a competição foi lançada alguns meses antes, e ai meu amigo, já se falava em dinheiro na premiação, que ia vir queniano para cá, e tudo mais.

Mas o que realmente fez a diferença e continua fazendo, foi a visão do Dr. Torao Takada de juntamente com a meia maratona e a corrida rústica (seis quilômetros), incluir a carinhosa maratoninha, feita para crianças, com singelas distâncias e que premiava (e ainda tem esta premiação) com cadernetas de poupança, reunindo mais de mil crianças para o evento. Assim, com esta atitude, além da divulgação no meio infantil da corrida de rua, pode-se alcançar também os pais e trazer um grande público para a competição. Ainda pode-se ver  que na linha de chegada muitas crianças estão de braços estendidos para cumprimentar os atletas que vão chegando. A prova  também é muito bem vista no meio do pedestrianismo devido a seu trajeto, onde para os corredores mais experientes é visto como plano, para os que estão iniciando encontram algumas “subidinhas”, mas em uma coisa todos concordam, é uma corrida maravilhosa.

Sua largada é no Parque Ecológico Diva Paim Barth, em frente à usina do conhecimento, onde contorna o horto (se prestarmos atenção, dá para ouvir as araras cantando logo cedo), aqui se enfrenta um falso plano de aproximadamente 500 metros, e pega-se a primeira avenida, aliás uma das principais avenidas da cidade (Avenida Parigot de Souza).

Nesta época, os ipês-rosa ainda estão floridos, e dão um show a parte, se misturando com a multidão que vai aos poucos tomando conta da avenida. E é no km 2,5 que se enfrentará a primeira subida de aproximadamente 600 metros (aqui deve ter cuidado, principalmente os menos experientes), que vai até o final da avenida, no km 3, ponto este que, faz a separação do pessoal da meia e da rústica, onde a rústica retorna pela mesma avenida e a meia pega a direita, na segunda avenida, agora a Avenida Cirne Lima.

A Avenida Cirne Lima é bem larga, e como o trânsito de veículos não para, dá para dividir o espaço entre corredores e automóveis sem problemas. Neste ponto teremos uma leve descida, de aproximadamente 2 km, até se fazer um retorno, portanto, tudo o que se desceu, vai ter que subir, mas como dito anteriormente, é leve. Pela Cirne Lima se corre até a Avenida Maripá, em uma rotatória com um chafariz, com pequenas quedas de água. Passamos com tanta vontade de pular na água que nem vemos uma subidinha que dá acesso a Avenida Maripá, subida bem curtinha, mas inclinada.

A meu ver, nesta avenida está o segredo da nossa querida meia maratona, porque aqui, meus amigos, faremos a descida de maior inclinação e comprimento do percurso, depois do semáforo, só se desce, chegando a outra rotatória, na Rua São João, e de cara começa uma subida, de aproximadamente 1 Km, também é a de maior inclinação e comprimento do percurso.Após esta subida, chegaremos a outra rotatória, que nos dá acesso a Avenida JJ Muraro, e quem tiver a oportunidade e lembrar, perceberá que, além de um lençol de água, tem um desenho da rosa dos ventos dentro da rotatória.A Avenida JJ Muraro tem um falso plano logo no começo, mas depois, até encontrar a Avenida Parigot de Souza (aquela dos ipês-rosa), o trecho é praticamente plano, e assim segue até o glorioso Teatro Municipal de Toledo, onde começa uma leve descida, e logo para frente, no km 16, é inevitável, olhamos para a esquerda e vemos onde tudo começou, o ponto de largada, mas calma, ainda faltam 5 km, começamos a fazer o percurso do início, vamos cruzando com corredores que estão fazendo o retorno, retorno este que fica quase no fim daquela primeira subida, aquela que logo no começo nem nos fez cansar, mas agora, após correr 17 km, a sensação é outra, ao mesmo tempo que o cansaço bate a porta, o animo por pensar que esta será a última subida e se está quase lá, nos faz querer ir mais e mais.

Voltamos pela Avenida Parigot de Souza até a Rua Pedro dos Santos Ramos, vamos vendo a galera chegando, as crianças gritando e festejando, agora sim, tá quase lá, é só contornar o horto, passar na frente do Shopping Panambi e alinhar para chegar.
Aqui, cada um reage de uma forma, mas a visão de todas aquelas pessoas te esperando chegar, as crianças fazendo um túnel para você passar, os amigos e a família te esperando de braços abertos, tudo isto e muito mais, nos faz sentir um atleta de elite, um exemplo a ser seguido. Faz ver que todo o treino, todos os momentos dedicados e abdicados em função do esporte valem a pena, tornam únicos e impossíveis de se explicar, só terminando uma prova destas para se saber como é o sentimento, e independente do tempo realizado, da classificação obtida, a maior vitória esta em saber que somos capazes, que podemos realizar desafios, e que o impossível está apenas nas palavras, não nos atos.

Alessandro Maziero

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