Foi dada a largada e a avenida Brasil se encheu de cores, uma enxurrada de gente desabava ladeira a baixo. A Chuva cessou. O tempo estranhamente firmou e com o passar do tempo tudo ficou mais claro e os contornos ganharam cores de tal forma que cada corredor se sentia um artista, pintando sua passadas pelas ruas da cidade.
Fui à área de transição, improvisada na descida da Rocha Pombo, onde vários corredores já esperavam seus parceiros chegarem. Gostei do clima que vi ali. Senti felicidade por fazer parte daquilo tudo. O bacana de ter essas áreas, é que de alguma forma cria-se um local onde se tem público, onde cada passagem de atleta era recebida com palmas e incentivos. Em determinado momento, enquanto meu cunhado não chegava e em conversa com o amigo Edson, ouvi dele uma coisa muito legal e que eu já vinha pensando há dias: “Matheus, isso aqui é um marco! Olha para isso tudo aqui, quem diria? Lembra como era antes? Você imaginou que estaria acontecendo tudo isso?”. É professor Edson, eu também me sentia fazendo história naquele momento.
Assumi o revezamento, pulseira na mão e pé na tábua. Corri bem, conforme programado, forte, mas nem tanto; a intenção era vivenciar o momento, fazer-me presente sem prejudicar os treinos da semana e a planilha. O objetivo ainda são as provas de triathlon do fim do ano. Mas não é da minha corrida que quero falar, é da corrida de todos. Nessa sou coadjuvante de mim mesmo. Que espetáculo! Lá pelas tantas, até um solzinho surgiu para dar o ar da graça. A subida da Cuiabá é dura mesmo, todos sabíamos, mas no meio dela tinha um posto de troca de revezamento e o incentivo de todos foi excelente. Chegando na São Paulo foi só alegria, a meia pista com os cones funcionou bem (ufa) e alguns carros ainda buzinavam para nós. Foi bem bacana.
Eu praticamente nem vi a Tancredo, pois já estava entorpecido com tanta gente, tanto esforço, tanta fotografia que não pensava em mais nada. Passei pela amiga Marcia e gritei: “Bate uma foto” – sou muito cara de pau; vi também a Fabi e outras pessoas fotografando, parecia no iron! Bacana demais o apoio de todos. Na chegada uma subidinha para não esquecer que o bicho é pesado e sobre um sol tímido, mas consistente, fechei o revezamento em grande estilo. Existe algo mais prazeroso que um bom pórtico de chegada?
Foto meramente ilustrativa. Homenagem da WB Triathlon ao recorde mundial da Maratona quebrado no dia 28-09-14 em Berlim/Alemanha
Na dispersão, uma farra, muitas medalhas, troféus, isotônicos, água e frutas, tudo num belo gramado e com sol para animar a todos. Uma boa dispersão requer amigos, gente cansada e sensação de dever cumprido. No meu caso e acredito que no caso de muitos, uma dupla realização: por ter concluído a prova e por ter feito parte de tudo. Eu não gosto tanto de poesia e não sei fotografar direito, mas pude captar do meu jeito a beleza que foi a Meia Maratona de Cascavel, com seus erros e acertos, seus personagens, suas subidas e descidas e principalmente por seus CORREDORES.