segunda-feira, 27 de abril de 2015

24 Horas de Toledo - Equipe West Bikers



Nos dias 25 e 26 de abril foram realizadas as famosas 24hrs de Toledo. Esse ano contou com diversas equipes e quase 600 atletas e não tinha caráter competitivo, apenas participativo.

A equipe West Bikers foi representada pela sua equipe de triathlon, que contou entre outros nomes com Dona Vera, no auge dos seus 88 anos.

Tivemos uma estrutura bacana, com barraca personalizada, hidratação, nutrição e bolo em comemoração ao aniversário do amigo Alessandro Maziero.

Abaixo um vídeo mostrando um pouquinho da festa:



Parabéns West Bikers, URRAAA!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

TH3 – Triathlon Hard Caiobá - Relato por Adriano de Quadros



Em dezembro relatei aqui minha experiência em uma prova de triathlon realizada em Caiobá, onde eu contava da superação ao enfrentar minha ansiedade na primeira prova com natação no mar.

Naquela mesma ocasião tive acesso a um panfleto que anunciava a realização de uma prova de Longa Distância (1.9km nat/90km bike/21km run) no mês de Abril de 2015. Embora chamasse atenção pela qualidade e beleza do material publicitário, enfrentar uma prova desta envergadura com meu pouco currículo no esporte não me parecia uma opção física mentalmente sadia naquele momento. O próprio nome da prova já alertava – Triathlon Hard Caiobá – ou seja, o mínimo que se poderia esperar é que se enfrentaria uma prova muito dura, mesmo aos experientes e preparados.

Acontece que eu já havia assinado meu atestado de insanidade ao me inscrever para o Ironman 70.3, que tem data marcada para 29 de Agosto de 2015, de forma que fazer esta prova de Caiobá, me soava como uma preparação e experiência para não chegar em Foz com a incerteza do desconhecido, e a ideia de enfrentar esse desafio não me saía da cabeça.

Comecei então no final de dezembro a treinar com o acompanhamento de um profissional que elabora meus treinos de natação, bike, corrida e musculação. De maneira mais estruturada os volumes de treino foram aumentando e então, no final de fevereiro, decidi me inscrever para o Long Distance de Caiobá, com o objetivo exclusivamente de experimentar a prova e sentir como o corpo reagiria, testar a alimentação e a hidratação, sem qualquer compromisso com tempo ou resultados.

As distâncias por si só já assustam, pois isoladamente, raramente eu atingia esses volumes nos treinos, ou seja, as distâncias que eu teria que enfrentar nas 3 modalidades, num mesmo dia, uma após a outra e sem descanso, eram superiores ao que eu costumava treinar diariamente.

Nos treinos de natação, normalmente chegava a 1600/1800 metros, e na prova teria que nadar 1900 metros. Nos treinos de ciclismo, atingia a distância de 60 a 80 Km num longo de final de semana, e na prova, após nadar, teria que pedalar 90 Km. E nos treinos de corrida, chegava a 14/16 Km nos longões de domingo, e na prova, após nadar os 1900, pedalar os 90km, teria ainda que correr a meia maratona, fechando os 21km.

O trabalho mental seria fundamental, no sentido de manter o foco durante a prova, consciente de que serviria de laboratório, para não deixar a empolgação aflorar principalmente no ciclismo, administrando a energia, que deveria sobrar para a corrida.

Isso me ajudou a controlar a ansiedade, pois estava ciente de que pra mim seria um “treino de luxo” em caiobá, com direito a medalha de finisher, caso tudo corresse bem e concluísse a prova.


Chegado o dia, 5hs da manhã, hora de levantar e levar a bike e demais equipamentos para o check-in. Eu procurei monitorar meu estado de ansiedade e percebi que estava relativamente tranquilo. Saber que poderia fazer a prova num ritmo menos acelerado me dava uma certa tranquilidade. Consegui voltar ao apartamento, que ficava ao lado de onde a prova seria realizada, tomei café com calma, pois a largada seria somente as 7hs.

As 6:30 estávamos todos os “pinguins” já na areia, com suas roupas de borracha, toucas e óculos.
Não sei se era porque eu realmente não estava ansioso, mas rapidamente foi dada a largada, dei o start no garmin e fomos correndo para a água. O volume de atletas que largaram juntos assustava, mais de 400 ao mesmo tempo entrando na água. Mas eu sabia que aquilo também servia de experiência para o Iron de Foz, pois lá serão mais que o dobro.
Até a primeira boia que estava uns 300 metros de distancia da areia, esbarrões e braçadas foram constantes, mas depois todos se espalharam e no máximo emparelhava com outro atleta não mais que 1 metro de distancia.
Procurei manter um ritmo confortável, pois não só a prova como um todo era novidade, como também a natação naquela distancia. Mas depois da metade do percurso, me senti muito bem, forçando um pouco mais o ritmo no final, terminando a etapa com 39min45seg, tempo que me surpreendeu, pois tinha uma previsão em torno de 40 a 45 min.

Saí da natação muito satisfeito e fui até a área de transição, tinha programado um tempo em torno de 5 minutos para a primeira transição, entre sair da água e chegar até a bike, tirar a roupa de borracha, comer uma barra de cereal, tomar uns goles de suco, que já havia deixado tudo separado ao lado da bike, vestir o capacete, óculos, meias e sapatilha e pegar a bike. Tudo isso feito com calma levou 4min35seg.

Iniciado o percurso da bike, saí com tranquilidade também, teria muitos Kms pela frente, e o objetivo não era velocidade. Como o percurso é bastante plano, é natural que se sinta mais a vontade para forçar no pedal e ganhar velocidade, mas mantive o foco o tempo todo, mantendo o pedal num ritmo constante, que ficou no final em torno de 32km/h, sem que sentisse que tinha forçado as pernas.
A cada 20km era a hora da alimentação, com um sache de gel de carboidrato e bastante água. Água e isotônico o tempo todo, segui a programação à risca, não tive fome ou sede, fechando 91km do pedal com 2:50min (foi informado no congresso técnico no dia anterior que o trecho do pedal teria 1km a mais, para que se aproveitasse uma área de escape na estrada como retorno, facilitando a curva para as bikes).


A beleza do percurso foi algo que não me passou despercebida, até então a prova tinha sido puro deleite, verdadeiro passeio na praia.... mal sabia o que me aguardava....
Terminado o trajeto da bike, também com calma e tempo já estimado de transição em torno de 4 min, poderia me alimentar tomando suco e um pão com mel e pasta de amendoim que deixei embalado. Depois disso, calçar o tênis, viseira, óculos, protetor solar nos ombros, numero de peito e partir para corrida. Tempo da T2: 3min05seg.

Pretendia firmar um ritmo na corrida entre 5min/km a 5:30min/km, essa era minha expectativa otimista em relação à prova.
Saí para o primeiro km no ritmo 4:50/km, percebi que não seria prudente, reduzi para 5:10/km. Nos primeiros dois kms a dor nos músculos das coxas por conta do ácido lático era bastante forte, mas sabia que logo passaria, e consegui manter até o Km 10, relativamente confortável, subindo o ritmo aos poucos.

A partir daí, o pace foi aumentando cada vez mais, parecia que tinha algo me segurando. Mantive a alimentação programada com o gel, bastante isotônico e água.
Do km 14 ao 18 tive a dor mais insuportável que já experimentei num treino ou prova. Ela começou embaixo das costelas e foi irradiando para as costas. Foi rapidamente aumentando a intensidade a ponto de não conseguir respirar direito. Tive que caminhar. Nesse momento, pensei, puxa, arruinei minha corrida!! Mas rapidamente pensava que aquilo era aprendizado, experiência, laboratório, lembra!? Sentia que meus batimentos não estavam altos, sentia que as pernas aguentavam, mas a dor nas costas me derrubava.

Imaginei que seria pelo longo período sobre a bike na posição clipado. Mas na verdade foi a soma de vários fatores, o tempo, o desgaste da prova, o calor com sol à pino, a reação do corpo à uma experiência nova e também a necessidade de mais treinos e condicionamento muscular.

Eu caminhava alguns metros, a dor sumia e eu voltava a correr. Desistir sequer passou pela minha cabeça, estava mentalmente preparado para enfrentar o fato de que se precisasse terminar a prova caminhando, assim seria.

Mas este pouco tempo de triathlon tem me ensinado um pouco sobre enfrentar dores. Elas são assim, aparecem do nada, parece que vão te derrubar, mas você persiste, e persiste, e persiste, e suporta, e de repente ela some. Do nada, simplesmente some. E foi assim, no KM 18, onde havia um posto de hidratação, tomei água e isotônico até me empapuçar, e segui correndo, e então as dores sumiram por completo, consegui até forçar um pouco o ritmo, concluindo a prova com o tempo total de 5 horas e 45 minutos.

Apesar desta prova não ter tido pra mim um enfoque de competição ou evento propriamente, pois o tempo todo foi pensada como um teste preparatório para o Iron, a emoção de receber a medalha ao cruzar a linha de chegada é algo inigualável, principalmente depois de ter enfrentado, suportado e superado tantas dores.

Valeu a experiência, valeu o aprendizado, à cada batalha saímos mais fortes. Os ganhos em termos de autoconfiança são grandiosos. Dificuldades se tornam pequenas, problemas se tornam menos importantes. Somos muito mais fortes do que imaginamos. Nossos limites estão em nossas cabeças, e na maioria das vezes eles não existem. O laboratório de experiência física onde se coloca o corpo no limite da dor, transcende. É mais que isso, muito mais, é indescritível, não posso traduzir em palavras, somente quem passa pela experiência pode entender o que estou falando.

Por isso quando me perguntam o que eu ganho com isso, eu digo: eu ganho muito mais que medalhas...